Miopia e perda de visão: prevenção começa na infância
- Giselle Aguiar Pires
- 27 de dez. de 2022
- 3 min de leitura

De acordo com o estudo publicado no jornal científico Ophthalmology, da Academia Americana de Oftalmologia, até 2050, metade da população mundial terá miopia, um distúrbio visual que dificulta a visão de longe.
Para os médicos, estes números podem ser comparados a uma epidemia. A boa notícia é que esta epidemia pode ser prevenida, pois um dos principais motivos para isso é o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes, como tablets, celulares, videogames e televisão.
O fato começou a chamar a atenção dos especialistas, que perceberam os diagnósticos de miopia realizados cada vez mais entre jovens. Atualmente, o número de prescrições de óculos no Brasil triplicou para crianças de 6 a 8 anos, quando comparado com cinco anos atrás. Mais do que isso, estima-se que 20% dos jovens em idade escolar sejam portadores de alguma doença visual.
Mais luz natural
A miopia é caracterizada pelo crescimento excessivo do olho, que acontece naturalmente até cerca de 8 anos de idade.
Quando este crescimento é maior do que o normal, o olho se torna ovalado, mais alongado, dificultando o foco, que não alcança o fundo do olho (a retina). Assim, a visão de objetos distantes fica embaçada.
Em condições normais, o que regula naturalmente este crescimento é a luz solar, que induz a liberação de dopamina, estimulando o endurecimento dos olhos. Para que isso ocorra, são necessárias, em média, pelo menos duas horas de luz natural por dia. Mas o abuso do uso de telas vem aumentando a cada ano, e desde a pandemia, este excesso tem sido ainda maior. Com as crianças em casa, de olho nas telas, é cada vez menor o tempo que permanecem ao ar livre.
A distância dos objetos
Outro malefício das telas aos olhos acontece no cristalino, uma estrutura que funciona como lente no interior do olho, que muda de forma conforme a distância dos objetos permitindo o foco. Quanto mais próxima a criança estiver da tela, mais estará utilizando o cristalino.
O cristalino deixa de ser necessário se a distância dos objetos for superior a 6 metros. Por isso, é muito importante, mesmo em caso do uso de telas, que haja um descanso periódico para esta estrutura dos olhos. E, se possível, que assista televisão a uma distância de pelo menos 6 metros, ao invés de tablets ou celular.
Olhos cansados
Outro ponto importante no uso excessivo das telas está no piscar dos olhos. Quando assistimos alguma coisa em uma tela, piscamos 40% menos do que deveríamos. Os olhos ficam mais secos, consequentemente cansados, pesados e, muitas vezes, vermelhos. Olhos cansados são mais suscetíveis a problemas de visão no futuro, tais como glaucoma, catarata, descolamento de retina, estrabismo, entre muitos outros.
O que fazer?
Para evitar os malefícios das telas e manter a saúde da visão, confira as dicas a seguir:
- Estimule seu filho a brincar ao ar livre, na natureza. Além dos benefícios da luz natural para os olhos, ele ganha muito mais saúde e bem-estar
- Quando a tela for inevitável: ensinar a usar o tablet ou celular mais distantes, pelo menos entre 40 a 60 cm dos olhos. De preferência, assistir conteúdos pela televisão, tanto pelo tamanho, como pela distância
- Usar a regra 20-20-20: 20 minutos de tela, 20 minutos de descanso e olhando a uma distância de pelo menos 20 pés (ou 6 metros)
- Limitar o tempo de tela, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria:
Menores de 2 anos: evitar o uso
2 a 5 anos: até 1 hora por dia
5 a 10 anos: até 2h por dia
Maiores de 10 anos: até 3h por dia
Um estudo sobre miopia e perda de visão
Segundo o estudo Global Prevalence of Myopia and High Myopia and Temporal Trends from 2000 through 2050, publicado no jornal científico Ophthalmology, publicação da Academia Americana de Oftalmologia, a miopia é uma causa comum de perda de visão. Sem o correto diagnóstico e correção, representa, hoje, a principal causa de deficiência visual à distância em todo o mundo.
O estudo revela os resultados de uma revisão sistemática e metanálise sobre a prevalência de miopia e alta miopia e tendências estimadas de 2000 a 2050, que utilizou informações de estudos publicados desde 1995.
Foram reunidas informações de 2,1 milhões de pacientes a partir de 5 anos de idade, em 145 estudos. A partir deste acompanhamento, os pesquisadores estimaram que, em 2050, haverá 4,7 bilhões de pessoas com miopia (49,8% da população mundial) e 938 milhões de pessoas com alta miopia (9,8% da população mundial).
Estes resultados sugerem que as prevalências globais devem aumentar significativamente, com sérias implicações nos diferentes setores da sociedade, e alertam para a necessidade urgente de atenção ao gerenciamento e prevenção de complicações oculares relacionadas à miopia e perda de visão.
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