Terror noturno ou pesadelo?
- Giselle Aguiar Pires
- 21 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2022

No meio da noite, um despertar acompanhado de choro, grito e muita angústia. O que será esse despertar incompleto ou parcial que ocorre na fase de sono profundo, em um quadro bastante angustiante tanto para a criança como para os pais ou cuidadores? Trata-se de terror noturno, geralmente caracterizado por gritos, choro, taquicardia, sudorese e respiração ofegante.
Ao contrário do que muitos possam pensar, o terror noturno não é o mesmo que sonambulismo. No terror noturno, a criança permanece no mesmo local onde adormeceu. Já no sonambulismo, também relacionado à imaturidade do cérebro, a criança pode se levantar, sair do lugar, conversar, ainda que também não vá se lembrar de nada no dia seguinte.
Já no terror noturno, a criança não sai do lugar, apenas poderá permanecer sentada na cama, muito agitada, até que aos poucos se acalma e volta a dormir. No dia seguinte, não se lembra de nada.
Este distúrbio é mais comum dos 3 aos 5 anos de idade, podendo se prolongar até um pouco mais tarde ou ocorrer na fase adulta. O terror noturno atinge cerca de 6% das crianças e 2% dos adultos.
Causas e diagnóstico
Alguns fatores podem levar ao terror noturno, como estresse, febre, privação de sono, problemas respiratórios ou infecções, mas na grande maioria, não há uma causa conhecida.
O mais provável é que seja a própria evolução do sistema nervoso da criança, que faz com que apenas algumas áreas do cérebro despertem, enquanto o corpo, como um todo, não tem consciência disso. Com o desenvolvimento da criança, estes episódios tendem a desaparecer.
Como os outros transtornos do sono, há um fator genético presente. Assim, caso haja histórico na família, existe maior probabilidade de a criança apresentar.
De qualquer forma, caso comecem a acontecer estes episódios, é importante conversar com o pediatra, relatando o que aconteceu durante aquela noite, mas também no decorrer daquele dia e até mesmo nos anteriores.
Em alguns casos, um médico especialista em sono poderá ser indicado para uma avaliação mais precisa. Mas na grande maioria dos casos, serão suficientes apenas as orientações do pediatra sobre como prevenir e como ajudar o seu filho caso volte a acontecer.
O que fazer?
O mais importante em um episódio de terror noturno é garantir a integridade física da criança. Protegê-la de se machucar, cair ou bater em objetos que estejam próximos a ela ao se debater ou se revirar na cama.
Você pode tentar acolher, fazer carinho, falar ao seu ouvido, mostrar que está perto. Caso perceba que alguma destas ações está acalmando a criança, vá em frente. Caso contrário, não continue.
Tentar acordar a criança, interagir, levantá-la ou levá-la para outro lugar não é aconselhável. Além de assustá-la, essas medidas poderão prolongar ainda mais o episódio.
Pesadelo ou terror noturno?
Nas crianças menores, pode parecer mais difícil diferenciar o pesadelo do terror noturno, pois nem elas sabem ao certo o que são os pesadelos. Mas embora as manifestações sejam similares, os cenários podem ser bem diferentes.
Pesadelo
acontece na fase “REM” do sono, que é aquela em que os olhos se movimentam rapidamente
a criança acorda no meio do episódio, se acalma e conversa normalmente
no dia seguinte, a criança provavelmente se lembrará do ocorrido, trazendo inclusive mais detalhes sobre o sonho
Terror noturno
acontece na fase “não-REM”, geralmente nas primeiras horas da noite
mesmo que esteja com os olhos abertos, a criança normalmente continua dormindo, não nota a presença dos pais e não deverá se lembrar do que aconteceu no dia seguinte
Prevenção
Como não se conhecem as causas para a grande maioria dos casos de terror noturno, as medidas de prevenção são orientações gerais para uma boa noite de sono.
Evitar a privação de sono
Evitar situações de estresse, especialmente no final do dia
Caso ocorra um episódio e a criança não lembre, não entrar em detalhes para não gerar ansiedade na noite seguinte
Deixar a criança dormir com algum objeto que ela goste (ursinho, cobertor)
Desenvolver um ritual diário, mantendo uma rotina com os horários desde o final do dia até a hora de dormir
Optar por atividades mais tranquilas após o jantar, sem telas ou aparelhos eletrônicos, reduzir as luzes e os ruídos da casa à medida que a hora de dormir se aproxima, para que a criança possa relaxar e dormir mais facilmente
A leitura de um livro antes de dormir, no quarto da criança, já deitada, é um ótimo hábito, que poderá ser incrementado com obras relacionadas ao sono
Comments