Crianças e adolescentes podem tomar café?
- Giselle Aguiar Pires
- 9 de fev. de 2023
- 3 min de leitura
Os riscos do consumo de cafeína e os alimentos que devem ser evitados

A cafeína é considerada a droga mais consumida no mundo e está presente não apenas no café, mas também em refrigerantes, energéticos, bebidas achocolatadas e em alguns chás. Segundo a mais recente recomendação diária da ANVISA, prevista na RDC 243/2018, um adulto não deve consumir mais do que 400 mg de cafeína por dia, sendo 200 mg por porção.
Para se ter uma ideia das porções de cafeína contidas em uma xícara de café, ela está presente em quantidades variadas, dependendo da origem do grão, de sua composição, do método de preparo, entre outros fatores. Mas no caso do café coado, que traz o maior teor da substância, uma xícara pode conter até 300mg de cafeína, enquanto o expresso varia de 90 a 200 mg.
A cafeína também é encontrada em alguns tipos de chás, no chimarrão, no cacau e, portanto, no chocolate e em achocolatados, em refrigerantes, entre os quais as colas e guaranás, e nos energéticos. Assim, não basta evitar que a criança tome café. Ela pode estar consumindo cafeína, muitas vezes em excesso, sofrendo prejuízos em sua saúde, mesmo sem jamais ter tomado uma única xícara de café.
Ações no corpo humano
Logo após ingerir alimentos contendo cafeína, ela se distribui pelo organismo, podendo afetar vários sistemas: nervoso, cardiovascular e respiratório. Seus efeitos são de curta duração e transitórios. Cada indivíduo reage de forma diferente: no corpo de gestantes, por exemplo, permanece até três vezes mais tempo que no corpo de adultos em geral, mas é eliminada duas vezes mais depressa por fumantes.
De todos os efeitos da cafeína, o mais conhecido é o estimulante do sistema nervoso. Uma ou duas xícaras de café são suficientes para se sentir mais alerta ou melhora na capacidade de concentração. Além de combater a fadiga, restaurar o vigor e melhorar o desempenho físico, há efeitos negativos, especialmente em pessoas sensíveis à cafeína, como atraso do início do sono, redução na duração ou piora da qualidade.
A cafeína causa efeitos também sobre a ansiedade, nervosismo e irritabilidade, em geral passageiros e dose dependentes. Outros efeitos fisiológicos, em curto prazo, incluem elevação da pressão sanguínea, aumento da produção de urina e do ácido gástrico.
A ação da cafeína nas crianças
A cafeína é um estimulador do sistema nervoso central e periférico. Um dos principais efeitos agudos é o revigoramento, com redução do sono e fadiga. O consumo de cafeína altera o sono, principalmente no período da tarde ou noite, diminuindo sua eficácia e duração.
Estudos envolvendo crianças em idade escolar mostram que crianças que consomem café, refrigerante ou outros alimentos contendo cafeína diariamente apresentam risco duas vezes maior de apresentar distúrbios do sono.
Além de não trazerem benefícios à saúde, a ingestão de bebidas contendo cafeína por crianças e adolescentes pode interferir no desenvolvimento neurocognitivo, influenciar o sistema cardiovascular, além do risco de dependência e intoxicação.
Há dose segura de cafeína para crianças?
Crianças e adolescentes são mais propensos aos efeitos agudos da cafeína, com maior risco de intoxicação, devido ao fato de não terem sido expostos cronicamente, portanto sem tolerância farmacológica.
Alguns autores consideram o consumo igual ou superior a 50mg/dia alto e potencialmente associado a sintomas quando da sua retirada. Para a Comissão Europeia de Segurança Alimentar, o consumo de 5,3mg de cafeína/kg de peso corporal/dia em uma criança de 10 anos, pode causar distúrbios transitórios de comportamento, tais como excitabilidade, irritabilidade, nervosismo e ansiedade.
Outros autores estabelecem limites de 2,5mg/kg peso corporal/dia ou até mesmo 1,5mg/kg peso corporal/dia. Esses dados são particularmente preocupantes considerando que o consumo de cafeína entre jovens tem aumentado, tendo sido observado crescimento de 70% nos últimos 30 anos.
Ou seja, não há consenso ou recomendação mundial que estabeleça limites para o consumo de cafeína por crianças e adolescentes. No Brasil, a ANVISA alerta que não há níveis seguros de consumo de cafeína por crianças, gestantes ou lactantes.
Refrigerantes, chás, café e bebidas energéticas são apontados como os maiores responsáveis pelo consumo, e aumentam proporcionalmente com a idade.
Assim, o ideal é que pais e cuidadores procurem outras opções alimentares mais saudáveis e sem cafeína em sua composição para oferecer às crianças e adolescentes.
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