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O sono dos bebês: do nascimento à primeira noite sem acordar


O sono do bebê é uma daquelas questões impossíveis de prever. Por mais informação ou experiência que se tenha, cada bebê terá o seu ritmo, sua personalidade, suas preferências. Será muito difícil encontrar uma mãe, com mais de um filho, que diga que todos eles tiveram o mesmo padrão de sono.


Esta é uma questão que geralmente surge no consultório pediátrico antes mesmo do nascimento. Talvez porque as mães já chegam ao final da gestação com o sono bastante comprometido. E será uma incógnita até o nascimento do bebê, que seguirá nos primeiros dias, semanas e meses, pois o sono sofrerá constantes alterações.


Uma coisa é certa: não há fórmula mágica. Os bebês, assim como todos nós, são seres únicos, e têm suas particularidades. O sono acompanhará sua evolução natural e, em princípio, será mais tranquilo à medida que ele vai se desenvolvendo. Mas nem sempre esse desenvolvimento é tão rápido como imaginamos, ou esperamos, portanto, o ideal é não criar expectativas.


É claro que há muita coisa que pode ser feita para ajudar o bebê a se sentir mais seguro e confortável, e que pode ajudar nesta jornada. Mas lembre-se, nada aqui será uma ciência exata. Algumas medidas certamente não são indicadas e não trarão benefício algum. Estas, devem ser evitadas. A primeira delas é evitar as comparações. Nem o irmão mais velho, nem outros bebês da mesma idade, nem a opinião de amigos ou parentes podem servir de parâmetro para avaliar se o seu bebê está dormindo bem ou se você está agindo corretamente. Em caso de dúvidas, não hesite em procurar ajuda do pediatra.


O pediatra que acompanha o seu bebê certamente poderá orientar e eventualmente identificar se há algo que deva ser investigado, ou se a rotina de vocês precisa de ajustes.


Os primeiros dias

Bebês recém-nascidos dormem cerca de 19 horas por dia. À medida que crescem e se desenvolvem, o período de sono diminui. Aos 5 anos de idade, a criança estará dormindo entre 10 e 12 horas por dia.


Estes períodos podem ser fracionados ao longo do dia e, com o tempo, também essas sonecas serão reduzidas a um único período de sono, à noite.


Mas tudo isso é uma média, uma estimativa. O mais importante não é quanto a criança dorme ou quantas sonecas faz por dia, mas sim, se ela está descansada e bem-disposta nos momentos em que está acordada, se está crescendo e se desenvolvendo bem.


Onde e como dormir

O ambiente em que o bebê vai dormir também é muito importante. Seja no quarto dos pais, no seu próprio quarto ou com irmãos, o ambiente deve ser seguro, protegido e tranquilo. Ou seja, nem muito quente, nem muito frio, arejado, silencioso e escuro durante a noite.


Por outro lado, durante o dia, embora seja importante que o bebê durma em local igualmente seguro e confortável, não é necessário que seja completamente escuro e silencioso.


Os ruídos naturais da casa e a luminosidade do dia são importantes para que a criança possa identificar a diferença entre o dia e a noite, auxiliando a regular o seu relógio biológico.


Rotina do sono

Estabelecer uma rotina para a hora de dormir é importante desde os primeiros dias. Esta rotina vai se alterar ao longo do tempo, à medida que o bebê se desenvolve e novas etapas são inseridas no dia a dia do bebê. Mas sempre que possível, manter os mesmos horários e a mesma ordem das ações.


Esta rotina pode ser curta, e deve iniciar com as luzes mais baixas, sons da casa com volume menor, podendo incluir um banho relaxante e terminar com a última mamada, já no quarto onde a criança vai dormir. Esta rotina ajudará a criança a entrar em um ritmo mais lento e a fazer a transição para o sono.


É importante que os pais, irmãos mais velhos, parceiros e cuidadores sigam a mesma rotina, ou estejam em outro ambiente, para que o bebê fique afastado de qualquer tipo de agitação, som de televisão ligada, videogame, discussões, luzes fortes, entre outros que possam atrapalhar o seu relaxamento.


À medida que a criança cresce, o hábito de ler histórias é uma excelente forma de finalizar a rotina do sono e, ao mesmo tempo, incentivar a leitura. Pouco a pouco a criança encontrará os seus livros e personagens favoritos. Conversar sobre aquele dia, seja em casa ou na escola, bem como fazer planos para o dia seguinte, também podem ser incluídos na rotina e reforçarão ainda mais a relação entre pais e filhos.


Padrões de sono

Nos primeiros dias, o recém-nascido dorme grande parte do dia e da noite, acordando apenas para se alimentar a cada poucas horas. Neste momento, o ideal é aproveitar para fazer a troca de fraldas, de roupas e tudo o que for necessário, para que ao adormecer, o seu sono não precise ser interrompido.


Estes intervalos frequentes acontecem, neste início, pelo fato de seu estômago ser muito pequeno e se esvaziar rapidamente. Assim, os bebês acordam a cada poucas horas com fome, para se alimentar novamente. À medida que o tempo passa, o volume de seu estômago aumenta e eles podem fazer intervalos maiores. Além disso, já estão prontos para observar e se interessar pelo que acontece ao seu redor, permanecendo acordados cada vez por mais tempo.


Por este motivo, quando acordados, é interessante estimular o bebê se aproximando, conversando e colocando brinquedos coloridos e com sons delicados, adequados para a idade, a uma distância próxima (cerca de 20 a 30 cm) , para que possam observar.


A hora do sono

São sinais de sono o ato de esfregar os olhos e bocejar com frequência. Caso ele tenha dificuldade para adormecer, amamentar ou embalar o bebê pode deixá-lo mais seguro e ajudar no processo.


À medida que os bebês ficam maiores, reconhecer o sono é importante para que se tente colocar no berço ainda sonolentos, antes de estarem dormindo. Desta forma, os bebês começam a aprender a dormir sozinhos, mesmo quando despertam no meio da noite sem nenhum motivo aparente. Pois sabem onde estão, como foram parar ali.


Vale ressaltar que a posição correta para o bebê é sempre de barriga para cima, sem travesseiro até pelo menos dois anos. No berço dos pequenos, não são indicados protetores acolchoados, almofadas, bichos de pelúcia, cobertores ou outros objetos que a criança possa se prender, que contenham peças pequenas, como botões, que possam ser levados à boca, ou possam causar sufocamento.


Uma noite inteira de sono

A partir do nascimento, o ciclo natural do novo bebê será mais e mais horas de vigília durante o dia e ciclos de sono cada vez mais longos durante a noite. Em poucos meses, os períodos começam a fixar-se num padrão.


Um ciclo que dura de três a quatro horas, por exemplo, é formado por um período de sono profundo, durante o qual o bebê se mexe muito pouco e é difícil despertá-lo. Uma hora antes e uma hora depois desse período, há um estado de sono mais leve, em que o bebê sonha, e após os sonhos, um estado de semi-alerta, em que é muito fácil acordar o bebê. Neste momento, cada bebê tem um padrão, que pode incluir chupar o dedo, chorar, balançar o próprio corpo, entre outros.


Quando maiores, eles podem se mover pela cama, fazer barulhos, podem inclusive falar, sentar na cama ou ficar em pé. Todos estes comportamentos são descargas da energia que se acumulou ao longo do dia, preparando a criança para o ciclo de sono seguinte.


À medida que o tempo passa, este período dos ciclos de sono aumenta e o bebê aprende a lidar sozinho com estes intervalos entre os ciclos de sono. Neste momento, ele está pronto para dormir uma noite inteira, sem interrupção, e pode chegar de oito até doze horas seguidas.

Quando isso vai acontecer? É impossível dizer. Cerca de 17% dos bebês ainda não dormem uma noite inteira com regularidade aos seis meses de idade, e 10% não o fazem ao completar um ano.


Quando devo me preocupar?

A preocupação não tem idade ou motivo pré-determinado. Ela pode vir em uma sequência de noites mal dormidas de um bebê que geralmente dorme muito bem, assim como um bebê que ainda acorda muitas vezes durante a noite pode não gerar nenhuma preocupação. Por este motivo, em caso de dúvidas, o melhor é sempre procurar a ajuda de um especialista.


Em geral, os bebês não choram sem motivo. Se a fralda está limpa, o ambiente está confortável, ele não está com fome, nem febre, e segue chorando, um choro forte e contínuo, o ideal é que seja avaliado pelo médico pediatra.


É importante observar se existe algum padrão para o início do choro: logo após a mamada, por exemplo, ou sempre no final da tarde. Quanto mais informações puder levar na consulta, melhor, pois nem sempre o bebê estará chorando no momento da consulta, dificultando o diagnóstico.

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